Um copo cheio d'água traz consigo transparência. Nele, conseguimos ver o que nunca é percebido.
Aproveitando a facilidade de enxergar o fundo do copo, cenas são encontradas.
Cenas essas que expostas em sequência cronológica, trazem a história de quem as observa.
Um dia eu quis ver a realidade, e o copo me mostrou o que eu não percebia... Haviam luzes e nuvens, sons que se faziam na minha mente enquanto eu observava o copo cheio d'água. Quando pensei apenas encontrar flores de primavera, o copo me fez sentir o vento e a chuva de um grande inverno, raios e trovões se faziam em minha cabeça enquanto, com muita atenção, fixava meu olhar no fundo do copo.
Vozes diziam que uma chance eu iria ter, mas, até então, não conseguia juntar os fatos e entender nada.
Uma vez eu quis fazer diferente, eu quis destacar os bons lados que um ser pode ter... Quis ter o poder de justificar os erros do mundo e fazê-los acertos. Coragem não me faltava, apesar de saber que sofrimento e dificuldades poderiam aparecer.
Então pensei comigo: quando conseguirei realizar tudo isso? Como farei isso? O que é necessário?
O copo tentou me avisar, mas minhas escolhas finalmente seriam concretizadas e algum preparo eu precisava ter. Minha mente tão firme e ao mesmo tempo tão tôla se fazia indecisa, pois os raios e os trovões me assustavam.
A água do copo parecia ter recebido um corante preto e no mesmo instante políticos, ladrões e enganadores apareciam nas cenas.
Fiquei branca... Como seria encarar de frente esse tipo de pessoa? Rostos deformados apareciam para mim e diziam ver meu fim. Bebiam com muita sede até a última gota de água de copos iguais àquele.
Depois de minutos de treva, a água tornou-se pura novamente e as cenas juntamente se clarearam com as feições de pessoas simples e normais que sorriram para mim com vozes me acalmavam, dizendo: Você não é a única.
Ainda bem que eu tenho vocês.