Vou transitando em Recife em pleno sol do meio-dia com a pressa de um aposentado e a esperança de um cético.
Flutuando, fazendo zig-zag entre os carros, observo uma mãe em um Fiat mandando seu filho ficar sentado, presto atenção num rapaz que com os vidros fechados escuta um forró bem agitado e em reflexo disso, seus dedos dançam em cima do volante, do outro lado, encontro um senhor meio gordo comprando pipoca, saciando sua gula isolado em seu ar-condicionado. Um pouco além disso, é fácil dar de cara com as crianças limpando vidros com água de canal e detergente, crianças pedindo dinheiro, vendendo bombons...
Vou transitando levemente e na paisagem que avisto, encontro árvores tornando o ar mais respirável, equilibrando o ar reciclado com o bafo que caminhão de mudanças solta. Também encontro casas, casas muito simples, uma casa colada na outra... Pessoas reunidas para assistir o jornal da tarde juntos, em prol da comunhão e do direito que o vizinho também tem de assistir TV. Crianças sentadas na calçada, junto com seus avós e pais sentados em cadeiras de balanço, dividem uma Frevo-Cola ao almoçarem macarrão com salsicha.
Passo por ruas que sinceramente, não têm mais saída(Se é que você me entende).
Em cada cena que se passa eu percebo cores e sons diferentes, nos quais dificilmente são percebidos num dia de rotina.
No horário de pico, fico presa entre os carros, e a única solução é sair voando dessa realidade, e o que me resta é sonhar.
Enquanto eu vejo estresse dentro dos carros de luxo, cosigo enxergar alegria no olho de quem trabalha com simplicidade.
Quantas vezes no dia você pára pra ver como as coisas andam de fato?
Quantas vezes no dia você pára pra entender a filosofia de quem você aponta ser inferior?
Acordei do meu sonho, não flutuo mais!