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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Exteriorizando sentimentos - A ARTE

O conhecimento está muito distante das perspectivas humanas, do material, do palpável. A filosofia, a sociologia, a religião, a psicanálise, são parte dos diversos instrumentos que nós, homens, construímos para entender o papel que aqui exercemos, nos auto-analisar e responder os “porquês” formulados na nossa breve estadia no planeta Terra. Apesar de tantos mecanismos criados para resolver questões que são, ao mesmo tempo, individualistas e conjuntas; estudar o meio, criar utopias, ou atribuir ciência em todo, já não é suficiente para os habitantes desse novo mundo.  A origem de tudo é um enigma, o futuro também. 
Com o papel na mão, a intenção não existe, a mão dança e a idéia flui de acordo com a inspiração que chega aos poucos. O vasto e, posso até dizer, infinito vácuo que existe em nós é o impulso que nos faz questionar as lacunas existentes no exterior do nosso corpo. Assim criamos. Os desejos mais profundos, oníricos e ocultos que dormem lá dentro da alma são despertados sem nem percebermos: a arte estará sempre intrinsecamente ligada ao pensamento latente, que deixará de ser abstrato para se tornar formulado, estruturado e, assim transmitido.
Posso dizer que o planeta é constituído de matérias orgânica, inorgânica e pessoas. A complexidade das pessoas não está relacionada com os vários sistemas, órgãos e tecidos que compõem seus corpos, mas sim com sua individualidade. Cada indivíduo fabrica um mundo único dentro de si, de acordo com as ideias que ele, por uma espécie de válvula sensorial, deixa entrar e se encaixar no quebra-cabeça construtor da sua própria realidade.Dessa forma, pessoas são acumuladoras de riquezas ideológicas – juntam saberes e formulam valores de acordo com suas crenças. Amadurecem-se com a palavra, assim como um fruto é amadurecido com o humo.
Quando os momentos de infelicidade chegam, essas crenças são postas em prova. Os momentos de crise podem fortalecer, quebrar, ou reformular tais preceitos. As atribulações sempre vistas como dificuldade, raramente são entendidas e enfatizadas no parâmetro do bem que acarreta: é a partir do sofrimento que o homem cria forças para sair da situação de mal-estar e passa a ter novas concepções sobre o meio em que vive. É também a partir da dor que o homem aprende a valorizar as relações e os vínculos afetivos. E o principal: é na dor que o homem passa a pensar mais sobre tudo que o cerca. É através dessas indagações que surge a vontade de criar, de gravar os novos sentimentos e pensamentos oriundos dessa fase de tormentos.
Essa é uma busca eterna, constante, que nenhuma geração conseguiu por fim. Não há ciência, ideologia, nem crença que consiga exterminar tais indagações. Só sabemos que é possível tirar proveito da época em que habitamos a Terra e deixar nossas marcas perpetuadas aqui. Os “porquês” não deixarão de existir, mas a arte também não, pois ela é o maior e o melhor refúgio já foi inventado para aliviar as dores e as privações terrenas, que nos limitam a não conseguir definir com precisão o que somos e quais são os nossos reais objetivos. O mundo é reinventado e a infelicidade não se estagna, ela é parcialmente destruída, quando a imaginação abstrata é transformada em matéria concreta, em arte.