O Brasil é um
país que, desde a sua formação, sofre influências de diversas culturas. Na sua
construção cultural, contribuíram índios, africanos e europeus. Dessa forma, o
Brasil se mostra, hoje, homogêneo e multifacetado simultaneamente. As maiores
influências externas aconteceram no século XX, em decorrência da
industrialização, no século anterior, dos países europeus e norte-americanos que
tiveram, a partir da mídia, a realização de um incessante intercâmbio cultural
entre continentes, através dos meios de comunicação de massa. Hoje, o Brasil é
um país que tem dificuldade em estabelecer quais influências são importantes
para a manutenção da sua identidade cultural, por ser constantemente atingido
pela imposição cultural estrangeira.
A Semana de Arte
Moderna, realizada no centenário da Independência do Brasil, foi o movimento
que procurou desfazer-se da arte do passado, moldada a partir de influências
estrangeiras, e que tentou construir uma identidade brasileira original, não mais
dependente dos modelos estéticos da Europa. Oswald e Mario de Andrade foram os intelectuais
que introduziram na literatura e na arte “um espelho” que refletia os elementos
da realidade e dos costumes do povo brasileiro. Ao passo que amadureceram suas
ideias sobre a real importância, do que vinha do exterior, para a formação da
identidade do Brasil, Mário e Oswald acabaram enveredando para caminhos
opostos.
Enquanto Oswald
de Andrade entendia qualquer interferência cultural intercontinental
desnecessária, defendendo um Brasil já suficientemente rico em cultura; Mário
de Andrade enxergava um Brasil que tinha como identidade cultural uma síntese
das múltiplas culturas vindas de fora que atuaram diretamente na história do
Brasil. Apesar da ação desses e de outros modernistas na tentativa de efetivar
a independência cultural do Brasil, a globalização, aliada com a mídia, motivada
pelo objetivo meramente econômico de aumentar os consumidores dos países desenvolvidos,
vem construindo um imperialismo cultural, desmanchando, a partir da alienação,
os valores culturais de países emergentes.
Saber detectar o
que é bom e o que é ruim, oriundo do estrangeiro, é muito importante, pois a
alienação pode estar embutida na “imigração cultural”. Novos baianos,
Movimento Tropicália, Chico Science & Nação Zumbi são alguns dos exemplos
de bandas que encontraram a dosagem perfeita da mistura de ritmos regionais,
populares e ritmos estrangeiros, revolucionando o passado musical e exaltando a
cultura tradicional do Brasil, sem negá-la. Assim, a conexão entre os continentes
pode ser benévola quando absorvida por um povo que tem a consciência de que a incorporação
de ideias e de costumes de outros povos é
apenas um complemento para o que já havia antes.